TODO ANO É A MESMA COISA. É SÓ SAIR A LISTA DOS INDICADOS E COMEÇAM AS APOSTAS. 

MAS VOCÊ SABE COMO FUNCIONA O OSCAR ?

Sempre acompanhei a premiação do Oscar. Desde menina me encantava com todos aqueles atores falando, cantando e às vezes sapateando (quando não tinha dança eu dizia que foi uma porcaria). Esse sonho que a indústria do cinema criou para nós, simples mortais, não me traz mais o mesmo encantamento. E tudo isso porque ao longo do tempo eu descobri que esse prêmio não é como deveria ser.

Para ser membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood é preciso ter um Oscar em casa ou ter sido indicado pelo menos uma vez na vida. O filme, para concorrer, esteve em cartaz em Los Angeles no ano anterior. Os membros recebem uma lista com todos os filmes e começam a votar por meio de cédulas de papel. Caso tenha faltado algum filme eles podem incluir e pedir votos. Parece simples, não ? Deveria ser uma escolha pessoal e voltada à arte do cinema. Nem todos são obrigados a votar em todas as categorias, mas todos são obrigados a votar em melhor filme.

Acontece que esse mundo não funciona assim. Talvez quando Louis B. Mayer, o dono da Metro Goldwyn Mayer, inventou essa premiação na década de 20, sua intenção fosse realmente essa.

Mas o dinheiro fala mais alto e corrompe até o que não deveria ser corrompido: a expressão artística.

É fato que nos dias de hoje os filmes são produtos comerciais.Um produtor executivo investe dinheiro e espera retorno (assista ‘Dirigindo no escuro”) e existe uma campanha monstruosa e perversa que envolve centenas de milhões de dólares para promover um filme e eleva-lo à categoria de vencedor do Oscar. Os estúdios oferecem viagens paradisíacas, jantares maravilhosos e presentes caríssimos ao pessoal que vai votar. Existem até histórias ridículas (só dar uma pesquisada básica no Google) envolvendo propinas em forma de mimos que ajudaram a eleger péssimos atores e filmes pavorosos.

Entretanto há uma certa lógica nessa pataquada. Vamos combinar que, mesmo sendo cinéfilo fervoroso, acaba sendo impossível assistir todos os filmes que estiveram em cartaz durante um ano em uma cidade como Los Angeles. Então me parece natural que as pessoas se interessem mais pelos filmes que estão sendo destacados nas campanhas publicitárias.Fora isso existem as famosas panelinhas. Samuel L. Jackson, por exemplo, já declarou que só vota nos amigos.

Há festas para todo lado. Inclusive eventos “homenageando” a carreira de certo ator que, por coincidência, é a estrela de um desses filmes. E o mais incrível de tudo isso é que o lobby agora se estende até para o mundo dos mortos. Sabe aquela homenagem “in memorian” que aparece durante a cerimônia ? Existe lobby para estar lá. É claro que um Robin Williams não precisou disso. Mas aquele roteirista desconhecido e o cinegrafista meia boca pagaram (alguém pagou, claro) para aparecerem naquele telão que arranca aplausos e lágrimas da platéia no mundo todo. Nem morto o cara deixa de render alguns dólares.

Muita gente pensa que o principal prêmio antes do Oscar é o Globo de Ouro. Outro grande equívoco. A temporada de premiações pré Oscar começa em outubro e envolve todos os sindicatos das categorias (diretores, produtores, roteiristas, montadores, figurinistas , etc) em premiações mais sérias. O Globo de Ouro é uma porcaria de um prêmio onde pouco mais de 70 jornalistas votam. O engraçado é que o histórico desse prêmio é tão porco que ninguém o leva a sério. As denúncias de vendas e pagamento de propina para o Globo de Ouro já são até motivo de piada nos discursos dos vencedores ou apresentadores. Não dá pra encarar como uma prévia do Oscar, dá ?

Enquanto isso continua a corrida pela estatuetinha dourada que se vier vai render alguns milhões de dólares a mais no bolso de muita gente.

Então dá próxima vez que saírem os indicados ao prêmio mais cobiçado do cinema mundial pense nisso e entenda que o dinheiro falou mais alto para aquele filme estar lá.

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beijocas,

Stella de Domênico.

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