O novo filme de Ricardo Darín estréia essa semana e conta uma história pra lá de sombria.
Acusado de matar o irmão caçula em um acidente durante uma caçada, Salvador (Darín) vive nas montanhas geladas da Patagônia isolado do mundo. Não convive, caça o que come, não fala com ninguém. Parece um urso. Até o dia em que recebe a visita do irmão Marcos (Leonardo Sbaraglia) e de sua esposa grávida Laura (Laia Costa) que vão ao seu encontro para cumprir o último desejo do pai recém falecido: jogar suas cinzas onde o irmão está enterrado e dividir as terras herdadas.
O reencontro é tenso desde o primeiro minuto. Os irmãos tem sérios problemas de relacionamento e só na última meia hora de filme é que a verdade vem à tona.
“Neve Negra” fala de mágoa e ressentimento. E principalmente de como uma família desestruturada pode afetar a vida das pessoas quando os interesses pessoais aliados ao medo e a insegurança são o ponto de partida para atitudes extremas, como o clima do local onde vivem.
O cenário gelado e inóspito ajuda a manter a tensão de forma desesperadora e ao mesmo tempo sufocante. Tudo se passa em um ambiente frio, escuro, sem a menor fagulha de calor ou sentimento positivo. Todo o tempo de convivência nesse reencontro é recheado de palavras duras, olhares ameaçadores, segredos guardados no local mais profundo da alma dos irmãos.
O diretor, Martín Hodara, que esteve em São Paulo para o lançamento do filme, disse que o lance é descobrir qual personagem é o menos mau.
Com uma direção acertiva, Hodara conseguiu fazer um filme com atores experientes onde a falta do diálogo objetivo não afeta o entendimento da história e até colabora para que o trabalho minucioso de Darín e Sbaraglia sobressaia.
“Neve Negra” é um filme que valeu a pena.
Com co-produção da Paris Filmes e do cinema argentino, a estréia está prevista para o dia 8 de junho.

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