Polícia prende ex-síndica que desviou mais de R$ 1 milhão de condomínio em Águas Claras
Um escândalo envolvendo a gestão de um condomínio em Águas Claras, ganhou novos contornos nas últimas semanas. A ex-síndica do Residencial Monte Carlo, na Rua 22 Sul, que esteve à frente do prédio por mais de dez anos, é investigada pela Polícia Civil (PCDF) por suspeita de desviar mais de R$ 1 milhão do caixa condominial para fins pessoais. A lista de gastos inclui, por exemplo, desde despesas médicas e transferências para familiares até a compra de um globo de discoteca e a construção de uma esmalteria.
Descobertas começaram com taxa extra suspeita
Tudo começou a se intensificar em fevereiro deste ano. Segundo moradores, as suspeitas ganharam força quando a ex-síndica convocou uma reunião ordinária para implantar uma taxa extra de R$ 40 mil, com o objetivo de instalar uma portaria eletrônica. O valor, segundo os condôminos, parecia incompatível com a existência de um fundo de reserva, especialmente considerando que havia um plano para iniciar uma reforma de fachada, orçada em cerca de R$ 1 milhão.
“Achamos muito estranho não termos este valor em fundo de reserva. Era pra iniciar um processo de reforma de fachada, obra esta que custa em torno de R$ 1 milhão. Dai pra frente, reunimos um grupo de moradores e fomos em cima da prestação de contas do ano de 2024”, relata um dos conselheiros da nova gestão.
Diante disso, ao acessar os balancetes, o grupo percebeu que a ex-síndica não havia entregado toda a documentação ao conselho fiscal. Começaram, então, a puxar o fio de uma série de irregularidades.
Diarista usada como laranja e assinaturas falsas
Um dos primeiros indícios de fraude surgiu a partir do nome de uma diarista, identificada como “Carla” (nome fictício), que trabalha para uma moradora há 10 anos. A síndica teria pedido uma indicação para contratá-la. No entanto, posteriormente, os moradores notaram que o nome da diarista aparecia em diversos recibos de serviços supostamente prestados ao condomínio, desde limpeza de pastilhas até consertos hidráulicos de alta pressão.
“Os recibos eram de papelaria, com assinaturas falsificadas. Nenhuma batia com a outra, e nenhuma havia sido reconhecida por ela. “Carla” nunca trabalhou para o condomínio, mas teve sua conta usada para receber diversos pix”, afirmou o morador.
Como consequência, foi aberto um boletim de ocorrência na 21ª Delegacia de Polícia Civil. A partir daí, novas descobertas vieram à tona: ginecologista, estúdio de tatuagem, lojas de material de construção e até familiares recebendo pagamentos, todos registrados nas contas do condomínio como despesas oficiais.
Pedido de prisão preventiva
Além disso, as investigações apontam que a ex-síndica usou parte do dinheiro desviado para construir uma esmalteria na Ceilândia, ao lado da vidraçaria de seu pai, que, aliás, também consta entre os maiores fornecedores do condomínio, com mais de R$ 20 mil em notas fiscais de vidros.
Com base nesses elementos, a Polícia Civil solicitou a prisão preventiva da ex-síndica. Isso levou a buscas e apreensões realizadas no dia 2 de abril em endereços ligados a ela, incluindo a chácara onde vive e a própria esmalteria. Ao todo, sete agentes participaram da operação no condomínio, por volta das 5h30 da manhã.
Luxos pessoais com verba do condomínio
Paralelamente, a ex-gestora, que é professora da rede pública (GDF), também teria utilizado verbas do prédio para bancar férias em Porto Seguro, com despesas em restaurantes, lojas e serviços de jardinagem em nome de CNPJs locais. O rombo financeiro apenas em 2023 já ultrapassaria R$ 200 mil, segundo cálculos preliminares feitos pelo advogado contratado pelos moradores.
Os detalhes das compras impressionam: computadores de última geração, globo de festas, mais de 14kg de café por mês, 2.500 copos plásticos mensais, além de gastos em clínicas particulares e lojas de roupas femininas.
Condomínio abandonado
Enquanto isso, a estrutura do prédio foi sendo negligenciada. Extintores e seguro venceram em janeiro. A piscina e a sauna estão fora de uso há mais de dois anos, e a dívida com impostos federais chega a R$ 90mil. A nova gestão, que assumiu em 1º de abril, encontrou o caixa completamente zerado.
Para agravar a situação, os moradores afirmam estar enfrentando resistência da empresa administradora, a Facilite, que estaria dificultando o acesso às informações contábeis. A nova gestão já emitiu uma notificação extrajudicial exigindo transparência.
Mobilização dos moradores e busca por justiça
Diante do caos financeiro e estrutural, os moradores montaram uma força-tarefa, composta por 13 voluntários que buscam orçamentos, dialogam com autoridades e tentam reorganizar o prédio. Uma das primeiras medidas foi o pedido de averbação da matrícula do apartamento da ex-síndica, para que o bem possa ser usado como forma de ressarcimento.
“O mais grave, de fato, são os impostos não pagos. Mas o que estamos descobrindo é assustador. E temos certeza de que ainda há muito mais a vir”, declarou um membro do conselho.
Por fim, a ex-síndica nega as acusações, mas afirmou estar disposta a ressarcir eventuais prejuízos comprovados.
Ela está presa desde a última quarta-feira (16), após a Justiça acatar o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil. Atualmente, encontra-se detida no Centro de Passagem da corporação, aguardando transferência para o Presídio Feminino do Distrito Federal, conhecido como Colmeia.
O processo corre sob sigilo, mas fontes ligadas à investigação apontam que o que já foi descoberto representa apenas a ponta do iceberg. Segundo relatos, há indícios de que mais irregularidades ainda devem ser reveladas conforme o cruzamento de dados avança.
Por: Rafaella Iack.
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Boa Noite, estamos desconfiados da Síndica do nosso condomínio, sou de São Paulo.
Morei nesse condomínio por alguns anos (me mudei há 2 anos) e sempre achei que o valor do condomínio não condizia com o condomínio em si, era muito alto para pouca manutenção. Agora tudo faz sentido.