Confesso que fui ao cinema esperando mais um filme americanóide, desses produzidos só para fazer bilheteria e dar lucro. Fui porque Helen Mirren e Donald Sutherland estão no elenco. E me surpreendi com a delicadeza e, ao mesmo tempo, a dureza da narrativa.
Ella (Helen Mirren) e John Spencer (Sutherland) são casados e tem dois filhos adultos. Um dia eles resolvem tirar da garagem o velho furgão da família e botar o pé na estrada, sozinhos, com o sonho de chegar até a casa do escritor Ernest Hemingway. De Boston à Florida Keys os dois se aventuram longe dos olhos e dos cuidados dos filhos preocupados com o fato de o pai sofrer de Alzheimer e a mãe de câncer.
O diretor italiano Paolo Virzí deu um ar europeu à narrativa, fazendo uma direção poética com toques refinados de humor apesar do tema triste que ronda o casal enquanto tentam chegar inteiros ao final da viagem.
A atriz inglesa Helen Mirren, que dá vida a Ella Spencer, dá um show particular de talento na pele de uma típica mulher americana. E Donald Sutherland desperta simpatia, pena e compaixão com seu John que mistura momentos de lucidez e total ausência.
“Ella e John” não é um filme tranquilo. Falar de velhice, doença e perda não é um tema fácil de abordar. E com diretor italiano então, a coisa fica mais sentimental ainda, mas nunca apelativa. Paolo conseguiu fazer um filme correto até quando faz graça da falta de memória de John.
Mas o que me toca nesse tipo de história é o amor. Fico sempre emocionada quando vejo um casal que se ama e se protege por toda uma vida.
Baseado no livro homônio de Michael Zadoorian, “Ella e John” tem estreia prevista para o dia 5 de abril.

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