Federico Fellini é um cineasta que está na ponta da língua dos cinéfilos. Seu trabalho, ao mesmo tempo instigante e poético, não é dos mais simples e, para o espectador comum, pode até passar por chato. Mas não desista! Fellini conseguiu misturar a maluquice dos sonhos com a realidade de forma ímpar, e quando a gente entende a linguagem proposta pelo diretor, passa a admirar e se surpreender com sua obra.Grandes diretores contemporâneos já declararam referências e reverências à sua obra. Seus filmes tem uma combinação única que misturam fantasia à realidade fazendo crítica à sociedade, muitas vezes expondo feridas de forma bizarra e única, como só um propósito Felliniano poderia ter.
É justamente como uma homenagem ao diretor que “Em Busca de Fellini” se apresenta.
Porém, longa do diretor estreante Taron Lexton, não faz o menor sentido e chega a ser pretensioso quando acha que está, de alguma forma , homenageando o diretor. A história gira em torno de Lucy (Ksenia Solo), uma garota de vinte anos que viveu super protegida pela mãe (Maria Bello) a ponto de parecer uma bobona quando precisa sair de casa sozinha. E então a garota descobre por acaso os filmes de Fellini e decide, sozinha (!) partir para a Itália a fim de conhecer e bater um papo com o diretor.
A começar pela fotografia totalmente sem conexão, o filme é chato e aborrecido. Não há na narrativa uma linha sequer que dê alguma condução à história, e tudo fica solto, sem explicação, sem sentido. Ah, mas isso pode ser uma homenagem à Fellini ! Não mesmo. É claro o despreparo do diretor e de sua equipe de roteiristas mesmo quanto sugerem criar cenas que, supostamente, seriam uma homenagem à Fellini. A atmosfera de sonho de Lucy misturada a realidade é completamente fora de contexto. A jovem atriz Knesia Solo também pouco colabora em seu trabalho e faz uma Lucy tão inverossimel quanto a história que pretende contar. Chata, monótona, sem emoção, uníssona.A interpretação de Knesia é tão caricata e boba (sempre com aquele olhar arregalado de quem está vendo o mundo pela primeira vez) que não consegue conversar com o público porque não é verdadeira. O roteiro força a amizade quando inventa a doença da mãe como motivo para a viagem à Italia, força mais de uma vez quando a protagonista age como uma retardada incapaz de encontrar um endereço sem se perder inúmeras vezes ou encontrar o amor em uma viela. Chega a ser cansativo.
Talvez a única homenagem possível para Fellini , enfim, seja a bela paisagem italiana, quase sempre apresentada em tons alaranjados (!), como se a Itália fosse um eterno por do sol. Mais um exagero sem sentido.
Duvido que os fãs de Fellini aguentem tanta falta de talento. Acostumados a um trabalho consistente, esse público vai sair do cinema cansado, frustrado e querendo o dinheiro do ingresso de volta.
Um filme que poderia ter sido e não foi. Passou longe, muito longe.

A estréia está prevista para 7 de dezembro.

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